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O Labirinto do Fauno (2006) e A Forma da Água (2017)

  • Foto do escritor: Pyetro Belo
    Pyetro Belo
  • 28 de mai. de 2021
  • 5 min de leitura


O horror é um gênero universal do cinema. Há várias formas de se contar um horror: com jump scares ou não, com atmosfera ou não. Porém há diretores, em específico um, que não usam esses recursos, pois não focam neles exatamente. Ele foca na beleza do horror, contando histórias onde o belo é contado de forma sombria e o sombrio é contado de forma bela. O diretor que se consagrou fazendo isso e que, com certeza, é um dos melhores diretores dessa geração (e que já é um dos meus diretores prediletos) se chama Guillermo Del Toro. E os dois filmes sobre o qual falarei são suas maiores obras:


"O Labirinto do Fauno". Filme de fantasia sombria. Dirigido, produzido e escrito por Del Toro. Estrelado por Ivana Baquero, Sergi López, Maribel Verdú e Doug Jones. O filme mostra uma garota cujo padrasto é um capitão franquista e cuja mãe está grávida. Essa garota acaba descobrindo um mundo mítico centrado em um grande labirinto e um misterioso fauno.


É um filme que se baseia em muitos contos de fadas, especialmente Alice no País das Maravilhas, sendo uma "versão sombria" dessa obra. Porém ele se diferencia de muitas adaptações de contos de fadas, por seu olhar sombrio, que homenageia os contos de fadas originais, onde as temáticas eram contadas de forma pesada (o fato de serem pesadas acabou sendo apagado, por causa das leves adaptações da Disney).


É um filme que mistura o real e o imaginário, tendo figuras mitológicas e imaginárias, como o Fauno e o Homem Pálido, mas se passando em um contexto real. O filme se passa na Espanha, em 1944, cinco anos após a Guerra Civil Espanhola, durante o período franquista. O filme nos mostra o real de forma crua e realista, onde há o uso de violência bruta, brutalidade essa que eu sinceramente não esperava.


Obra-prima de Del Toro. O filme nos traz uma excelente direção e roteiro, uma belíssima fotografia (o azul e o amarelo são estonteantes), um formidável figurino, o design de produção rico em detalhes (uma das grandes características de Del Toro), uma melancólica trilha sonora, uma maquiagem estupenda (a maquiagem do Fauno e do Homem Pálido é absurda. O corte na boca do Cap. Vidal foi bem feito também), efeitos especiais primorosos, um elenco competente (destaco Ivana Baquero, que interpreta a protagonista Ofélia; destaco também Sergi López, que interpreta o antagonista Cap. Vidal; e destaco Doug Jones, por seu excepcional desempenho como o Fauno e o Homem Pálido) e um lindo desfecho.


O Labirinto do Fauno é um conto de fadas sombrio que subverte a leveza costumeira dos contos e revitaliza o sombrio dos originais, ao mesmo tempo que mistura o real e o imaginário de forma inovadora, onde o imaginário influência. É simplesmente genial e que, pra mim, é a melhor adaptação de conto de fadas de todos os tenpos.


Guillermo Del Toro sempre gostou de monstros, pois se identificava com eles, por ser solitário, eles eram seus amiguinhos. Ele cresceu assistindo filmes como O Monstro do Lago Ness. Nesse filme, um monstro aquático persegue sua presa feminina. Del Toro sempre quis que no final o monstro ficasse com a moça. É daí que (provavelmente) saiu a ideia de A Forma da Água.


"A Forma da Água". Filme de fantasia romântica. Dirigido, produzido e escrito por Del Toro. Estrelado por Sally Hawkins, Doug Jones, Michael Shannon, Richard Jenkins, Octavia Spencer e Michael Stuhlbarg. O filme nos conta uma história de amor entre uma mulher muda e uma criatura anfíbia humanoide.


O filme sim se trata de um conto de fadas, mas um conto de fadas diferente, onde temos um príncipe e uma princesa diferentes (no caso, o Homem-Anfíbio e a mulher muda) e por aí vai. O filme se diferencia ao trazer personagens com características pouco exploradas no gênero do conto de fadas. Um exemplo de como ele é diferenciado são os protagonistas: uma mulher muda, um homem-anfíbio, um homem gay, uma mulher negra e um homem ao estilo sonho americano. Há diversidade nessa obra. E ela é acentuada ainda mais pela época em que o filme se passa, nos anos 60, onde predominava o sonho americano, assim como o preconceito (que infelizmente predomina até hoje).


Uma amostra do que Del Toro queria fazer nesse filme se encontra em O Monstro do Lago Ness, onde o monstro persegue sua presa feminina. Nessa cena, há uma trilha sonora sinistra que faz o telespectador sentir apavoramento pelo monstro. Nessa mesma cena, se você simplesmente trocar a trilha sinistra pela belíssima trilha sonora romântica de Alexandre Desplat, é mudado completamente o sentido da cena, parecendo mais que havia amor e nào terror. Isso acentua uma das grandes maravilhas de Del Toro, o belo no sombrio.


A direção é excelente, trazendo movimentos de câmera flutuantes que parecem estar na água. O roteiro é lindo, ao trazer uma bem escrita poesia sobre amor. A fotografia usa a cor verde para representar a água e é usado como paleta nos cenários, é também usado a cor amarelo para representar os cenários dos outros personagens, como por exemplo na casa de Strickland. O figurino é formidável, emulando a roupagem da época (é interessante o uso do vermelho no figurino final da protagonista que indica toda a sua paixão pelo Homem-Anfíbio).


O design de produção se mostra eficiente ao trazer no cenário do apartamento da protagonista uma aparência mofada, o que é acentuada pela paleta verde (que, como disse, emula água). A maquiagem nos proporciona um visual primoroso do Homem-Anfíbio. A trilha sonora é bela, ao trazer músicas clássicas da época e usá-las inteligentemente (fiquei muito feliz quando tocou uma música da Carmen Miranda) e também ao trazer uma lindíssima trilha sonora de Alexandre Desplat ("The Shape of Water" e "Elisa's Theme" são belíssimas).


O elenco é estupendo. Sally Hawkins, como a protagonista Elisa, consegue se expressar com suas expressões e a linguagem de sinais, sem ter a necessidade de algo ser dito, é tudo expressado. Doug Jones, com sua característica expressão corporal, consegue nos tocar como o Homem-Anfíbio. Michael Shannon, como o Coronel Richard Strickland, está absurdo e passa uma presença indescritível. Richard Jenkins, como o melhor amigo da protagonista Giles, atua mais reservadamente, mas poderosamente mesmo assim. Octavia Spencer, como a melhor amiga da protagonista Zelda, atua com seu carisma característico (e, digamos, repetitivo). Michael Stuhlbarg, como o cientista Robert Hoffstetler, convence interpretando alguém que ama ciência, ao mesmo tempo que apresenta uma outra faceta...


A Forma da Água é uma história de amor fantasiosa que nos proporciona uma linda poesia sobre amar e ser diferente. É uma obra-prima e que, com certeza, mereceu ter vencido o Oscar 2018.


Concluindo, Guillermo Del Toro é um diretor único que merece reconhecimento por ser um ótimo contador de histórias, principalmente histórias de horror.


 
 
 

2 Comments


jeffersonsw1977
May 28, 2021

Muito bom👏👏👏👏

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Pyetro Belo
Pyetro Belo
May 28, 2021

Espero que tenham gostado

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