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Moonrise Kingdom (2012) e O Grande Hotel Budapeste (2014)

  • Foto do escritor: Pyetro Belo
    Pyetro Belo
  • 2 de jun. de 2021
  • 4 min de leitura


Wes Anderson é um diretor de cinema, mas não qualquer um e sim um dos maiores diretores da atualidade. Ele é um diretor excêntrico, criativo e brilhante. Ele é bastante conhecido por sua habilidade indescritível de juntar estética com história, por nos proporcionar visuais perfeitamente e obsessivamente simétricos e por suas tramas excêntricas e diferentes. É um diretor estupendo que está na minha lista de diretores prediletos. Os dois filmes sobre o qual falarei são suas maiores obras de arte.


Em seus filmes, há uma constante de elementos sérios ou melancólicos executados de forma excêntrica e extravagante. Também há uma constante (ou seria repetição?) de enredos com temas como perda de inocência, famílias disfuncionais, orfandade e amizades improváveis, entre outros. São filmes com um grande senso de nostalgia, presente principalmente nos dois filmes sobre o qual falarei.


"Moonrise Kingdom". Dramédia coming-of-age. Dirigido e escrito por Anderson, também escrito por Roman Coppola (filho do grandioso Francis Ford Coppola). Estrelado por Jared Gilman, Kara Hayward, Bruce Willis, Edward Norton, Bill Murray e Frances McDormand. O filme nos conta sobre um menino e uma menina, dois pré-adolescentes, apaixonados que fogem de seu lar para encontrar um refúgio, enquanto que seus responsáveis tentam os encontrar.


O filme se baseia nas experiências e fantasias da infância dos roteiristas. E, de certa forma, eles conseguiram transpor isso. O senso de nostalgia, já citado, se faz presente aqui. A paleta de cores, predominantemente verde e amarelo, reforça isso. A estética estilizada característica, mais uma vez, serve como storytelling.


Como já pontuei, a fotografia predomina o verde e o amarelo para nos trazer um senso de nostalgia e nos fazer relembrar a infância. O design de produção e o figurino nos impressionam com cores vibrantes e a característica simetria visual. A trilha sonora, composta por músicas do compositor Benjamin Britten com composições originais de Alexandre Desplat, é brilhante e adiciona bastante ao produto final (destaco o uso da música Le Temps de l'amour, de Francisca Hardy em um momento pontual).


O roteiro é belíssimo, trazendo verossimilhança e realismo a um filme irrealista, trazendo diálogos estilosos e diretos ao ponto e nos proporcionando uma nostálgica e muito bem escrita história de amor jovem, de crescimento e amadurecimento. A direção transpõe o já belo pra algo sublime, trazendo simetria e um humor seco, mas cartunesco.


O elenco está excepcional: Bill Murray e Frances McDormand interpretando o casal que não se ama mais, Bruce Willis interpretando o policial gente boa, Edward Norton interpretando o carismático escoteiro chefe. Mas quem rouba a cena e surpreende com atuações verossímeis, maduras e inocentes são Jared Gilman e Kara Hayward, que interpretam o casal protagonista de pré-adolescentes, há uma química primorosa entre eles.


Há uma cena em específico onde o casal protagonista encontram um refúgio em uma praia, lá eles se divertem e se apaixonam. Depois de se declararem, eles dançam seminus em frente a uma praia ao som de Le Temps de l'amour e lá eles dão seu primeiro beijo, além de um diálogo surpreendentemente maduro. Essa cena, obviamente, gerou polêmica entre os adultos (note: os adultos), que a acusaram de "pornografia infantil". Porém sinto que se não houvesse tal cena, o filme perderia seu momento mais memorável. A sequência na praia se mostra essencial a trama desde suas explicitações até seus subtextos, sendo delicada e sensível, transpondo as emoções daquele momento. Além de que reforça ainda mais o senso de nostalgia, que torna o filme doce e agradável. Esse é aquele tipo de filme gostosinho de se ver. Que dá vontade de sempre reassistir. É o que eu sinto.


Moonrise Kingdom é um delicioso coming-of-age que conta uma belíssima história de amor e amadurecimento através de uma estética simétrica e cores vibrantes. Um dos meus filmes favoritos de todos os tempos, sempre vou sentir prazer ao assisti-lo e ter de volta a feliz sensação de estar em Moonrise Kingdom.


Dois anos depois, Anderson viria a fazer outra obra de arte. "O Grande Hotel Budapeste". Dramédia, dirigida e escrita por Anderson. Estrelado por... Ralph Fiennes, Tony Revolori, F. Murray Abraham, Adrien Brody, William Dafoe, Saiorse Roman, Tilda Swinton, Edward Norton, Mathieu Amalric, Jeff Goldblum, Harvey Keitel, Tom Wilkinson, Jude Law, Bill Murray, Jason Schwartzman, Léa Seydoux, Owen Wilson, Fisher Stevens e Lucas Hedges... quanta gente, Jesus.


O filme nos conta a história de um resort montanhês, onde um concierge é acusado do assassinato de uma viúva rica e ele e seu protegido embarcam em uma busca por uma pintura de valor inestimável.


O filme se passa em três tempos diferentes, denotados pelos diferentes aspectos de tela e pelas diferentes paletas de cor. Os tempos são 1932, 1968 e 1985. A cada mudança de tempo, percebe-se a mudança do aspecto da tela, simbolizando as eras do cinema (em 1932, o aspecto é mais quadrado, por exemplo). Também percebe-se a mudança na paleta de cores, onde em 1932 predomina o rosa e o vermelho, na época da guerra predomina o preto e o branco, em 1968 predomina o laranja e em 1985 predomina o cinza. Percebe-se como a cor vai cada vez mais decaindo através do tempo, simbolizando mais uma vez o senso de nostalgia. Mais uma vez a estética aparece.


A fotografia, mais uma vez esplêndida, acentua as cores para formar um espetáculo visual. O design de produção ajuda a história a ser contada, abusando de cores vibrantes. O figurino é genial, com cada personagem tendo um figurino que o representa. A maquiagem transforma os atores em seus respectivos personagens, transformação essa acentuada pela atuação do impecável elenco (todos mandam super-hiper-mega bem. Destaco Ralph Fiennes, que interpreta o concierge, ele surpreendentemente consegue transpor uma naturalidade tanto nas cenas dramáticas quanto nas cenas de humor).


A trilha sonora, composta pelo excelente Alexandre Desplat, é fantástica e complementa excepcionalmente. O roteiro e a direção caminham juntos, o roteiro nos propõe uma trama sombria com elementos irrealistas, mas que é contada de forma exuberante por Wes. O humor seco e físico nos presenteia momentos hilários e cartunescos.


O Grande Hotel Budapeste é um divertido longa que usa a estética como storytelling e usa bem, tornando-o crível, por incrível que pareça. Junto a um elenco de peso e uma trilha sonora primorosa, temos uma obra de arte colorida e exuberante que sempre irá se destacar em um mundo tão cinza.


Concluindo, Wes Anderson é um grandioso diretor que sabe usar a estética para contar histórias, histórias tão peculiares e excêntricas. Um dos meus diretores prediletos.


 
 
 

2 kommentarer


jeffersonsw1977
02. juni 2021

Sensacional 👏👏

Lik

Pyetro Belo
Pyetro Belo
02. juni 2021

Espero que tenham gostado

Lik
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