Garota Infernal (2009)
- Pyetro Belo
- 20 de fev. de 2021
- 3 min de leitura

Esse é um daqueles filmes que nunca dei muita importância e tal, mas quando descobri o seu verdadeiro significado, tudo que eu achava sobre ele havia mudado. Garota Infernal é um filme de terror cômico e fala sobre uma estudante possuída por um demônio que mata seus colegas masculinos; a melhor amiga dela se esforça para impedi-la.
Bom, antes da minha mentalidade crítica, eu não gostava muito do filme, achava exagerado e só, sabe. Só que mais recentemente eu descobri algumas curiosidades sobre esse filme, escutando um episódio do podcast República do Medo (sim, eu escuto podcast) que fala sobre o filme. Essas curiosidades acabaram mudando a minha visão do filme, algo que se concretizou quando o reassisti. Vou contar essas curiosidades, aliás, fatos.
Esse filme é dirigido pela diretora Karyn Kusama e escrito pela roteirista vencedora do Oscar (por Juno) Diablo Cody. Elas queriam fazer um filme que falasse sobre empoderamento feminino e as relações complexas entre melhores amigas. O apresentaram para os executivos. E assim o fizeram. Só que parando para pensar, por que você acha que os executivos da 21st Century Fox deixaram elas fazerem esse filme? Resposta: Megan Fox e marketing. Megan Fox estava super famosa na época por causa daqueles dois filmes que foram feitos por um adolescente para adolescentes, certo? (sim, sim e sim, isso é uma indireta ao Michael Bay e seus filmes de Transformers). E, se você não sabe, nos filmes de Transformers, Megan Fox foi super-hiper-mega sexualizada. E para chamar a atenção do público-alvo de Transformers, ou seja, adolescentes, eles fizeram uma campanha de marketing só se baseando em sexualizar a Megan. E esse não era o intuito do filme, o intuito era fazer um filme para todos, mais especificamente o público feminino. E bom, acabou que o público feminino não assistiu e quem foi assistir foi o público masculino, que acabou se decepcionando ao assistir a algo que não correspondia ao que eles esperavam e acabou que ele teve uma bilheteria medíocre e críticas negativas. Entendeu o bocado que esse filme passou, né?
Ao saber de tudo isso, minha visão mudou e acabou que, quando eu o reassisti, eu gostei. Gostei não, amei. Muito bem dirigido e escrito, elenco ótimo (Amanda Seyfried está muito boa), trilha sonora legal (a música Through The Trees da banda fictícia do filme é muito boa. Fez parte da minha infância). Sabe, é por isso que a minha visão mudou, ele é um filme feminista de terror cômico que 1. não sexualiza as mulheres, 2. não coloca elas como personagens descartáveis ou final girls, 3. vários estereótipos do gênero do terror são quebrados (por exemplo, sempre tem nos filmes um predador sexual homem que mata mulheres; agora nesse filme aqui, a mulher se torna o predador e os homens a caça, deu pra entender?) e 4. verossimilhança.
Pra mim, tem cenas que são super verdadeiras, o roteiro faz escolhas verossímeis, junto com a direção, e os diálogos excelentes cheios de referências e gírias, tornando-os mais verossímeis e junto com o elenco que ajuda bastante nesse quesito.
Pra mim, eu acho que não teria como um homem fazer esse filme. Não tem. A direção da Karyn Kusama possui delicadezas e sutilezas que se perderiam em uma direção masculina, eu acho. Seja na forma como ela filma a Megan Fox e as mulheres, seja na cena do sexo, ou nas insinuações lésbicas entre as protagonistas...
Gostei muito desse filme e queria avisar algo: se você o olhar como um filme de terror trash, tudo bem. Mas se você o olhar como um filme feminista de terror cômico, vai ver que ele tem muito a oferecer. Fica a dica.
👏👏👏